Nenhum de nós sabe se vai passar incólume por isso ou se vai ficar pelo caminho. Faz parte. O que eu sei é que já vejo as tarefas que se apresentam para mim caso ainda esteja nesse plano físico pelos próximos anos: a quem ajudar, a quem estar do lado, divulgar quais verdades, viver de que forma. Coisa boa saber do caminho a seguir no futuro. Ter certeza sobre o norte a seguir é muito bom.
Ficamos em casa! 120 dias direto em casa, cuidando-se e cuidando. Luta pela vida. Deus seja louvado.
A PRIMEIRA LIVE A GENTE NUNCA ESQUECE
Ontem à noite participamos dessa live da foto no Facebook. Assisti muitas lives nesses 120 dias, mas essa foi a primeira da qual participo. A Paula - acima, à esquerda, de óculos - organizou. Eu e a Rosilane, mais a Cláucia Gelb - embaixo - e a Alda Marici - acima. Era uma live sobre cultura, especificamente literatura. Aimar Patrícia e Guilherme Bertollo fizeram a parte musical, ela com uma canção da Angela Ro Ro e ele com Epitáfio e Vamos Fugir. Muito legal, adorei ter participado. teve umas mil e duzentas vizualizações.
Cláudia leu um texto dela, uma crônica, sobre sua experiência com a Covid-19, além de falar de seus livros (Transmutação - novela - e Conserto - contos) e do romance que está escrevendo. Allda leu um poema do Bretch e falou sobre suas poesias. Eu e a Rosi falamos de nossa trajetória na literatura, eu na crônica e ela na poesia e no conto. Escrevo para a mídia local desde 1989: O Metalúgico (boletim sindical), Diário de Charqueadas (seg à sexta), A Região (tablóide semanal) e Portal de Notícias (tablóide semanal e site). A Rosilale também já foi colunista no jornal A Semana.
Eu assisti muitas lives durante esses 120 isolamento social que completo amanhã, dia 18. Adoro. E essa que ocorre hoje, às 19h, será a primeira da qual participarei. Legal, com um pessoal legal. Vamos ver como será, ansioso e feliz.
Na terça o pai fez 84 anos. Nem sabia, lá em 21 de março, quando tudo isso de fato começou para mim, com o primeiro caso em Charqueadas de Covid-19, se eu chegaria à Semana Santa, ao Dia do Trabalho, ao Dia das Mães, Namorados, meu aniversário. Ainda mais o aniversário do pai, agora em julho. Tudo parecia tão distante frente ao desconhecido. Na verdade a gente não sabia ainda como tudo isso seria. Mas o pai fez fez seus 84 anos, está em casa, isolado, tudo bem com ele. Graças à Deus.
No mesmo dia que ele fez 84, um senhor de Butiá, Pedro, estava internado com Covid-19 e completou 80. Faleceu na madrugada de quarta-feira. Vi essa notícia no Portal de Notícias. O homem fez níver e faleceu, que desgraça. Não tem como não pensar nisso, na tragédia que tudo isso é para as pessoas e para as familias. Lembrei da festa que fizemos nos 80 anos do pai e na dor que deve ter sido para os familiares desse senhor não realizarem festa, terem o pai e avô no hospital e ele falecer logo na madrugada seguinte. A gente nem se dá conta que só pelo fato de ter ar nos pulmões somos privilegiados e que ter um pai vivo aos 80 e reunir a família com ele para um aniversário é demais. E ter, durante uma epidemia letal para os idosos, o pai completando 84, é uma graça do Senhor.
Vamos levando. A Joana estava aqui, no pátio e de máscara, nos fundos da casa, comendo com a gente, observando o distanciamento social quando fizemos uma live pelo messenger para parabenizar o pai. Cantamos Dama de Vermelho e Guri para o pai, eu, a Rosi e a Joana. Cantamos aniversário pra ele com o Hino do Grêmio, acompanhei minha mãe cantando parabéns para ele lá. O Gilmar, meu cunhado, tocou Índia com ela. A Emília e o Tiago estavam lá, havia bolo e salgadinhos, o pai soprou as velinhas, estouraram balões. Na segunda e na terça eu coloquei aviso no grupo do Facebook dos 80 anos do pai, que ainda é ativo, para que as pessoas ligassem pra ele, para o fone convencional da casa. Avisei o Pedrinho, pois sei que o pai gosta dele. Foi legal.
Depois o Dálvio, meu primo, entrou em contato comigo pelo messenger perguntando se eu não iria lá, pelo menos para vê-lo no portão. Disse que não. Não vejo sentido nesse tipo de coisa, eu e ele somos grupo de risco. Qual o sentido prático e útil disso, ao meu ver? Nenhum. Com celular e live a gente tem contato seguro para os dois. Da maneira como enxergo, a gente tem de ser forte emocionalmente e seguir os protocolos de segurança. Tem outro jeito? Ao meu ver, não; circular e arriscar é equívoco, hoje. Ainda mais quando se é de risco. Para mim, conviver com a pandemia não é ficar à mercê dela, fazendo coisas que se fazia na normalidade anterior à março de 2020. Para mimm é se adequar a essa anormalidade transitória, firmar o garrão nos procedimentos de segurança até que venha a vacina. O resto eu vejo como um sentimentalismo que não ajuda nem prática, nem emocionalmente e nem psicologicamente. Atrapalha e dificulta, inclusive, mas respeito o que as outras pessoas acham e fazem, pois é um momento difícil, muito maior que a gente.
Essa foto é de quando eu fui com o pai na Arena Grêmio, acho que em 2018, não lembro, agora. Recordo que ele subiu as rampas e ficou cansado, eu devia ter pedido um carrinho que eles tem lá para o transporte de gente velha. Almoçamos na Hamburgueria 1903 e conhecemos o estádio, foi um dia realmente feliz pra mim ter levado o meu pai lá, ter convencido ele a ir e bancar tudo do meu bolso. Amo o meu pai. Nery Mathias Velho Guerreiro, brigadiano aposentado, casado com a professora estadual aposentada Ivone de Souza Guerreiro, nascido em Mostardas, na localidade chamada Barros, logo depois da divisa com Palmares do Sul, próximo ao primeiro Farol da Solidão, região entre a Lagoa dos Patos e o Oceano Atlântico, dia 14 de julho de 1936 às 11h30min da manhã, filho de João Guerreiro de Lemos e Maria Raupp Velho Lemos. Somos Guerreiro porque o vô colocou o sobrenome materno em todos os filhos e Lemos nas filhas, que era "pra botar os Guerreiro pra frente". Não conheci meus avós, nenhum deles, nem maternos nem paternos, mas eu a minha irmã carregamos seus nomes: João Adolfo e Maria Emília. Eu gosto. Hoje, dos 12 irmãos do meu pai, tem ele, um irmão e uma irmã mais novos e uma irmã mais velha. Quatro. Quero estar aqui para ver os 100 anos do pai, que nem estava nos 100 da tia Ná, tia dele, minha tia avó e madrinha de nós dois.
Ainda quero fazer a viagem combinada com o pai e o Matheus até São José do Norte, para conhecer toda a região onde o pai nasceu.
PS - As filhas do Pablo, sobrinho da minha esposa, nasceram dia 14 de julho, a mais velha, a Maria Laura, níver do meu pai, e as gêmeas do Ceará dia 24 de junho, meu níver. Espero sinceramente que ele reencontre seu caminho.
100 dias de isolamento social, neste domingo. 100 dias em casa, eu, minha esposa, as duas gatas, a cadela e o cachorro. Está sendo muito bom. Lendo, vendo TV Pai Eterno, escrevendo, fazendo as rotinas dométicas. Sabe de uma coisa, a gente não precisa sair tanto de casa, assim. Se no teu lar tu encontras saúde, paz e amor, o que buscar lá fora? Não digo se entocar em casa, mas esse lance de viver na rua. Buscar o que, lá fora, nessa ausência doentia do lar? Sair para a convivência e a troca saudável, para ver as coisas, os lugares e as pessoas belas do mundo, mas a casa da gente é tão boa. O mundo é belo, mas a casa da gente é salutar. Por isso acho que me adaptei tão bem ao isolamento, ao contrário das pessoas que vejo lamentando nas redes sociais. Eu e a Rosilane nos damos muito bem.
Desde sexta estou às voltas com dois textos para o Portal, um sobre os 120 anos do escritor Antonie de Saint-Exupery e outro sobre os santos de junho, Antônio, João, Pedro e Paulo, baseando-me nos Atos dos Apóstolos, principalmente. Estou me divertindo muito com isso.
52 ANOS - Meu aniversário, na quarta, foi tão bom. Pela mandei buscar meu atestado médico para o serviço, no Centro Vida. Durante a tarde, lavei todas as lajes e arrumei o pátio. Meus pais fizeram uma live para mim, via whatts app, às 18 horas. Meu pai, minha mãe, minha irmã e meu cunhado Gilmar. Estavam na sala da casa dos meus pais, com balões azuis junto à janela, que a minha mãe ia estourando com uma algulha. Adorei isso. Meu pai estava muito alegre, falou legal comigo, minha mãe pediu para eu fechar os olhos e leu uma oração; chorei, emocionado - que criatura maravilhosa é essa mulher. Tocaram umas canções, também. Chalana, Beijinho Doce, minha mãe cantava e meu cunhado tocava. Cantaram parabéns, Foi muito bom. Joana e Jessé chegaram aqui em casa, cumprindo o distanciamento social. A Rosilane fez maionese (deliciosa), uma carne com osso no forno (ficou macia, espetacular), arroz branco, salsichão na assadeira e eu espetinhos. Demos uma prova de tudo para meus sogros, pela cerca. Bebemos vinho tinto seco, Conde de Foucauld. A Rosi fez um bolo, cantaram parabéns e soprei as velinhas. No Facebook, onde não colocoa lembrança de aniversário, o Guto Martin fez uma postagem me parebenizando e dezenas de pessoas, depois disso, me felicitaram.
Recebi ligações da tia Dione, do Dálvio, da prima Patrícia, do Luis Otávio, da Luma, dos meus sobrinhos; a prima Paula fez um chamada de vídeo pelo messenger;o tio Glênio, a Daniela, a Débora, Jeferson Fortes, Levi Moraes (PM), Ricardo Gelb, Catarina, Aline e o Pedrinho mandaram parabéns pelo messenger. A Rosilane me fez artesanalmente um gato de pano, que dei o nome de Joel. Queria Barba Azul, pela cor dele, mas ela disse que era nome de um matador. Nem lembrava disso.
Cheguei lá, todo mundo vivo e com saúde, familiares, amigos e colegas. Foi muito bom. Obrigado meu Deus!
PS - Minha filha está tão linda. Uma mulher, já, dona da sua vida, trabalhando, se formando, para casar. Admiração e orgulho dessa guria.