Em 28 de fevereiro de 2011, aos 102 anos, falecia Aracy Moebius de Carvalho Guimarães Rosa e, creiam, sua vida daria um tema de desfile de escola de samba.
Nascida no Paraná, em abril de 1908, filha de pai português e mãe alemã, era poliiglota: falava português, francês, alemão e inglês. Foi a segunda esposa do escritor João Guimarães Rosa, autor de Grande Sertão: Veredas, que conheceu em 1938, quando trabalhava na embaixada brasileira em Hamburgo. É aqui que sua biografia entrou para a história.
Era o período imediatamente anterior ao início da Segunda Guerra Mundial e os judeus eram perseguidos em toda a Alemanha. O Itamaraty emitiu a Circular Secreta 1.127, que restringia os passaportes para entrada de judeus no Brasil. Aracy burlou a Circular e, como responsável pelo setor de passaportes, dentre os papeis que o cônsul assinava colocava as autorizações de visto para os judeus alemães pudessem fugir do assédio nazista. Estiima-se que cerca de cem pessoas foram ajudadas por Aracy. Rosa, vice-cônsul, sabia do esquema e silenciava, em apoio. Ambos sempre foram muito reticentes sobre os fatos envolvendo esse período e não o comentavam publicamente.
Em 1942, com o rompimento do governo brasileiro com a Alemanha, ficaram quatro meses sob custódia da Gestapo, até serem trocados por diplomatas alemães no Brasil. Por sua ação, ficou conhecida como O Anjo de Hamburgo, sendo homenageada pelos museus do Holocausto em Jerusalém e Washington.
Seu esposo a ela dedicou seu livro, talvez o clássico da literatura brasileira mais reconhecido no exterior. Ela está à altura da dedicatória.
Neste Carnaval resolvi rever a minissérie baseada no livro de Guimarães Rosa e dirigida por Walter Avancini. Foi veiculada pela Globo entre 18 de novembro a 20 de dezembro de 1985, o ponto alto da comemoração dos vinte anos da emissora. À época, não perdi nenhum episódio. Anos depois, minha esposa me presenteou com o DVD (foto abaixo), um dos melhores presentes que ela já me deu.
Avancini fez um trabalho excelente, um dos pontos altos da produção televisiva nacional essa série. O livro de Rosa, nem precisa falar, é superlativo em todos os sentidos, talvez a obra mais densa da literatura brasileira.
Eu recomendo à todos. Tal qual o livro, o DVD tem um ritmo lento, mas profundo. DVD e livro pra gente grande interessada na amplitude da alma e da vida humana.
Já fiz uma canção, depois de ler o livro, tempos atrás. Vai a letra:
RIOBALDO
La no sertão dos Gerais
brilham estrelas afins
rio que corre de amar
pelas veredas sem fim.
Por uma amor em disputa
com essa guerra ruim
"- Pois sem você minha lua
o que é que vai ser de mim?"
Diadorim, Diadorim...
"- Nesse verde tão vivo
que é espelho do mato
encontrei meu abrigo
um amor assim tão de fato."
"- Vamo s'imbora pra longe
pra onde o ódio não nasce
pra eu poder ficar mirando
a cor do amor na tua face."
Diadorim, Diadorim...
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Volta ao batente!
Se Lula é o 4 dedos, Jair Bolsonaro é o 4 votos. Mas não se iludam: assim como a mão mutilada de Lula o qualifica junto ao povo, esses 4 votos de Bolsonaro o credenciam junto ao seu eleitorado.
Num Congresso desses, fazer apenas 4 votos é sinal de não estar no mesmo time "desses que estão aí", inclusive os do seu partido, o PSC, quem uma bancada de 10 parlamentares. Isso também vale para Luiza Erundina, que vez 10 votos, só que ultrapassando os 6 da bancada do PSol.
Entretanto, só se Bolsonaro construir um partido para chamar de seu, assim como o PSol fez, poderemos ver o real poder de fogo político-eleitoral da extrema-direita no Brasil. Creio que ele supera os 5% de votos e pode chegar até 10%, superando a extrema-esquerda e ficando abaixo do centro, da esquerda e da direita. Bolsonaro, atentem, tem mais viabilidade eleitoral que Temer, mesmo não tendo um partido por trás.
Por outro lado, preocupante foi a votação do deputado André Figueiredo (PDT). Apoiado pelos partidos de oposição e que foram leais à presidente Dilma (com excessão do PCdoB - 12 deputados), fez apenas 59 votos, ficando em terceiro lugar. Não buscou os 83 votos das bancadas que o apoiaram: PT (58), PDT (21) e Rede (4). Levando-se em conta que esses partidos são os contrários as reformas previdenciária e trabalhista, o povão fique atento, pois o mar está para tubarão que come peixe (e gente)...
Essa foto acima é de agosto ou setembro de 1990, no antigo Postaço de Charqueadas (na ERS 401, perto do Ponto dos Caminhoneiros), quando Lula esteve em Charqueadas no ato contra a presidência da Aços Finos Piratini, atual Gerdau.
Estão nela Almerindo Guterres, Tarso Genro (ao fundo, saindo do WC), Afre Rodrigues (saudoso), eu, Lula, Daltro Ferraz e um pessoa que não conheço. Na época, eu era um ativo militante político-partidário. Lembro do que o Lula falou no momento, para os jornalistas que fotografavam:
- Mostra bem, que é para o Brizola dizer que é cachaça.
Era água. Brizola seria vice de Lula em 1998, quando montaram chapa para a presidência.
Hoje vi a notícia da morte cerebral da esposa do Lula, Marisa Letícia. Na atual circunstância, nesses tempos de esfervescência política é ódios de classe, uma morte dolorida e polêmica.
Eu só queria dar os pêsames ao Lula e a família dele, nesse momento.