Crônica de setembro

Setembro, meu mês preferido. Escrever sobre setembro, depois de alguns anos, torna-se um terreno perigoso para um cronista diário como eu, repleto de buracos cheios de lugares-comuns que podem nos conduzir para derrapagens e capotagens literárias, ou seja, repetir os mesmos assuntos, escrever sobre as mesmas coisas, redundar-se.

Quais seriam elas? Citar trechos da canção Sol de Primavera - de Beto Guedes, falar sobre o inverno que agoniza e a primavera que renasce, sobre a cor das flores que virão, sobre aniversários setembrinos de familiares e amigos, sobre os e as amadas que partiram neste mês, fundação do Grêmio, Independência do Brasil, 20 de Setembro, José Manuel Leão, coisas assim. Tudo materiais preciosos para uma crônica, mas que repetidos todos os anos perdem o seu valor para os e as leitoras. O que escrever de novo então, impulsionado pelo coração que sorri sempre que o dia 1º de setembro brilha no calendário, motivando-nos literariamente?

Pois então, eis-me aqui, às voltas com outra crônica de setembro, sorrindo. Sim, setembro me faz sorrir de graça, sem motivo, só por ser. Que nem minha mãe me fazia sorrir. Sorria só de olhar pra ela, por ela existir e estar no meu mundo. Um motivo a menos para sorrir o ano inteiro, embora outro tenha vindo, graças à Deus - e, de tão agradecido, coloquei essa crase onde não tem e ela vai ficar ali, de enfeite, feito um brinco bonito numa orelha amada.

Setembro é mês de joanas, beatrizes e matheuses, da prima que se aposentou recentemente e vai fazer uma festa pra comemorar a nova etapa de sua vida. Setembro EXISTE. Se não existisse na natureza, teria de ser inventado. Mas Deus é sábio, o criou e deixou que o homem o nomeasse. O nome é nosso, mas a criação é Dele. Deus seria um cara tri legal, se fosse um cara. Mas Deus não existe, Deus É. Deus está muito além do conceito de existir. Pra quem acredita. Pra quem não, há setembro.

Aproveitem, pois, setembro. Tem mais 29 dias para.