João Adolfo Guerreiro
Descobrindo a verdade/ sem medo de viver/ A liberdade de escolha/ é a fé que faz crescer.
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Textos

O velho e o inverno

 

No inverno da vida, cabelos de geada, o velho enfrenta o inverno, cortando a machado, no frio da manhã de domingo, a madeira para a lenha do fogão velho, cujo fogo aquecerá e alimentará o velho e sua velha: feijão nosso de cada dia. É pai, avô e bisavô o velho: homem de longa prole. O velho enfrenta o frio do inverno em busca do calor da vida, e encontra.

 

Já foi o jovem da terra, descendo a mina; já foi o velho do rio, remando o caíque. Já foi, mas ainda é um homem da vida, na labuta pela sobrevivência, o sobrevivente, pois já chegou onde muitos amigos de juventude e do peito não chegaram: aos 80 invernos - quase vinte mais que Hemingway. E chegou melhor do que muitos chegaram: ainda caminha e corta a lenha, ainda faz o seu fogo. O velho do inverno é sábio não porque é sábio, mas porque é velho e já ter visto, escutado e sentido muito.

 

Não precisa de um texto longo, o velho do inverno, vida longa que ainda vive: sua obra e testemunho. Os músculos já são velhos, mas ainda são de lei: afirmam o braço cuja mão segura o machado e mantém reta a coluna. A força ainda não falta no braço e na coragem se sustenta, ereto, alterando a canção, caminhando e cantando uma canção bonita falando da vida em ré maior. Meu amigo.

 

O velho e o inverno, velhos companheiros: fogo vivo.

João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 03/07/2025
Alterado em 03/07/2025
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