João Adolfo Guerreiro
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Waterloo: 210 anos da derrota de Napoleão

 

O ano de 2025 marca duas efemérides importantes para a França, a Europa e a História: os 220 anos da Batalha de Austerlitz; e os 210 anos da Batalha de Waterloo. São as mais famosas do período conhecido como as Guerras Napoleônicas: na primeira, há seis anos no poder (desde 13 de dezembro de 1799, como Primeiro-Cônsul) e já como Imperador, Napoleão obtém uma grande e arrasadora vitória que consolidaria seu poder na França e Europa; na segunda, Napoleão é definitivamente derrotado pelas potências estrangeiras. Nesse artigo, iniciaremos pelo fim, ou seja, Waterloo, ocorrida em 18 de junho de 1815, num domingo chuvoso de verão.

 

Quem não sabe quem foi Napoleão Bonaparte? Melhor colocando a questão: existe algum personagem histórico mais relevante do que ele nos séculos XIX, XX e XXI? O alemão Adolf Hitler? Ambos foram dois líderes político-militares de suas respectivas nações que mudaram o mapa da Europa através de guerras e tiveram seu fim ao tentarem invadir a Rússia e serem derrotados, mas creio que o legado positivo foi o do francês nascido na Córsega em 1769 e falecido na Ilha de Santa Helena em 1821. Ademais, diria que os dois grandes acontecimentos políticos dos séculos supra mencionados são a Revolução Francesa e a Revolução Russa. Napoleão é cria da primeira, muito possivelmente jamais existiria sem ela.

 

Um militar de baixa patente corso-francês, de família italiana, só teria mesmo como galgar a tal poder após a tempestade perfeita que foi a Revolução Francesa, que aniquilou totalmente a monarquia francesa e suas hierarquias e colocou em xeque a própria monarquia europeia. É daí, inclusive, que vem a resistência a Napoleão: era uma resistência aos ideias revolucionários que ele representava, não tendo adiantado em nada ele se auto coroar imperador em 1804. A batalha de Austerlitz se insere nesse quadro, enquanto a de Waterloo se insere já no ocaso do Império Napoleônico, após a desastrosa campanha russa por ele iniciada em 24 de junho de 1812, verão europeu, há 213 anos.

 

Assim como Hitler com a União Soviética, o início do fim de Napoleão se deu no inverno russo, igualmente subestimando a capacidade bélica e de luta do então Império Russo e seu povo. Após a acachapante derrota para o czar Alexandre, Napoleão seguiu ladeira abaixo, passando pela pouca citada, mas importante, derrota na Batalha de Leipzig (outubro de 1813, a maior batalha das Guerras Napoleônicas), até ser deposto e exilado na Ilha de Elba em maio de 1814. Em fevereiro de 1815, com 700 homens, voltou para a França e retomou o trono. Atentem que estou fazendo o resumo do resumo nesse artigo. Iniciou-se o período conhecido como Cem Dias que, de fato, foi o último suspiro do poder moribundo de Napoleão, eis que chegamos então, após muita água ter passado debaixo da ponte da história, ao fatídico domingo chuvoso de 18 de junho de 1815.

 

E insisto no fato de que era um domingo chuvoso pois foi justamente esse detalhe, a chuva, que determinou a derrota de Napoleão. Enfrentando uma força combinada de ingleses e alemães (chamados prussianos, à época), com inferioridade numérica, o cálculo de Napoleão era bater os ingleses antes dos alemães chegarem para, então, dar cabo destes. Quase funcionou, não fosse pela chuva a atrasar o ataque contra os ingleses. Não fosse por isso, daria certo, pois os ingleses foram salvos com a corda no pescoço pelos prussianos, que chegaram em cima da hora para somar forças e derrotar os franceses. Não entrarei aqui em detalhes sobre a batalha, por questões de espaço (esse é um artigo pra jornal), mas basicamente foi isso, como quem se interessar em ler a fim de conhecer os pormenores táticos da mesma vai constatar.

 

E, afinal, o que isso nos demonstra hoje? Que as guerras iniciam e terminam os ciclos. Estamos entrando num final de ciclo pós Segunda Guerra Mundial? EUA, Europa e Otan encontrarão seu ocaso igualmente ante um enfrentamento nuclear com a Rússia, parecido com o que aconteceu com Napoleão há 200 anos? Como disse Karl Marx no livro O 18 de Brumário de Luís Bonaparte, parafraseando o filósofo alemão Hegel, "todos os grandes fatos e personagens da história universal aparecem como que duas vezes. Mas ele esqueceu-se de acrescentar: uma vez como tragédia e a outra como farsa". Será? Quem sobreviver, verá.

 

Dia 24 voltarei aqui pra escrever algo sobre os 213 anos da invasão da Rússia por Napoleão.

 

Imagens: pinturas em óleo sobre tela do irlandês William Sadler II (1782 - 1839)

 

 

 

João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 18/06/2025
Alterado em 18/06/2025
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