João Adolfo Guerreiro
Descobrindo a verdade/ sem medo de viver/ A liberdade de escolha/ é a fé que faz crescer.
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Textos

 

Grande Sertão Veredas, 40 anos
(18 de novembro de 1985)

 

 

"...Estarreci. A dôr não pode mais do que a surpresa. A coice d’arma, de coronha...
Ela era. Tal que assim se desencantava, num encanto tão terrível; e levantei mão pra me benzer – mas com ela tapei foi um soluçar, e enxuguei as lágrimas maiores. Uivei. Diadorim! Diadorim era uma mulher. Diadorim era uma mulher como o sol não acende a água do rio Urucúia, como eu solucei meu desespero.
O senhor não repare. Demore, que eu conto. A vida da gente nunca tem termo real.
Eu estendi as mão para tocar naquele corpo, e estremeci, retirando as mão para trás, incendiável: abaixei meus olhos. E a Mulher estendeu a toalha, recobrindo as partes. Mas aqueles olhos eu beijei, e as faces, a boca. Adivinhava os cabelos. Cabelos que cortou com tesoura de prata... E eu não sabia por que nome chamar; eu exclamei me doendo:
‑ 'Meu amor!...' "

 

 

João Guimarães Rosa

 

Em novembro, 50 anos do seriado.

João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 09/06/2025
Alterado em 09/06/2025
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