O técnico argentino-boliviano Gustavo Quinteiros está certo: no Brasil, não se respeitam os processos, como sentenciou após sua demissão. Seu desligamento não foi uma boa decisão do Grêmio. O trabalho estava no início. Logo, Rafael Sobis estava com a razão, ao antecipar no seu canal no You Tube: "Se havia convicção no trabalho na contração, Quinteiros fica; se não havia, sai". Saiu, logo, não havia convicção.
Desta forma, a contratação de Mano Menezes não é um acerto estratégico, mas, sim, a tática do modo desespero já ligado. Quinteiros, muito bem pontuou que seus trabalhos vitoriosos em outros clubes começaram da mesma forma, mas que deram resultado no andar da carruagem. Correto, eis que a fórmula vitoriosa do futebol é "trabalho+tempo=resultado", e não "resultado=trabalho". Sim, a contratação de Quinteiros foi um acerto estratégico da direção gremista, mas sua demissão foi um erro tático que pode comprometer o ano do clube.
O que Mano tem de melhor que Quinteiros para pegar um trabalho andando, projetado conforme a filosofia de outro treinador, e implementar a sua, com a carreta andando? Nada, isso é pensamento mágico, que não entende a formula simples de "trabalho+tempo=resultado", invertendo-a num imediatismo tolo, porque burro. Sim, não se trata de apenas ignorância, mas burrice mesmo. Ou algo pior, como canalhice. Quem colocou fogo na torcida contra Renato e, agora, contra o trabalho de Quinteiros? A impren$a imediati$ta, que vive tanto de audiência quanto de like$ para faturar. E estimular as insatisfações da torcida no curto prazo, sem sólidos critérios críticos na análise, é uma forma de obter tai$ ganho$, pois todos sabemos que estimular contrariedades é que gera ade$ão nas rede$ $ociai$ e, por conseguinte, faturamento. Os torcedores? São seres movidos a paixão, essencialmente imediatistas, vivem pelo resultado da semana, tão somente. Pagam ingresso e mensalidade e querem resultado no dia.
E o presidente, acossado pelas circunstâncias, cedeu a tal pressão, infelizmente. O mesmo presidente que teve visão estratégica ao trazer Suárez em 2023 e ao manter Renato até o final ano passado. Logo, a pressão deve ter sido enorme. Talvez o previsível fracasso no Gauchão tenha piorado as coisas. O problema do Gauchão não foi Quinteiros, mas a falta de tempo para o trabalho gerar resultado. Todavia, isso tudo já e passado, o presente é Mano Menezes anunciado como treinador. Ótimo treinador, de seleção. Vitorioso e com ótimos trabalhos por onde passou. Possui todas a credenciais para comandar o Grêmio. Só que, como já disse, herdará um plantel construído para uma concepção de jogo que não é a sua.
Pode dar certo? Pode, claro, Mano é ótimo. Tomara que dê, inclusive. Contudo, como pessoa experiente que sabe tudo do futebol brasileiro, Menezes pediu um salário alto, pois sabe que pode durar pouco na casamata, a depender dos resultados. Assim, caso o pior quadro aconteça, a grande questão será: Quantos treinadores o Grêmio estará pagando até o final do ano? E não esqueçam de que Quinteiros, conforme noticias, levou dez milhões na sua demissão. É muito dinheiro. Levou com todo o direito, mas escrevo isso só pros torcedores verem os custos, para o clube, de sua paixão desenfreada, sem critérios, imediatista: dez milhões. A folha salarial de um mês do Grêmio, praticamente. Dinheirama jogada fora, pela janela, e sem perspectiva de que dará certo, eis que oriunda de um movimento tático equivocado, que alterou drasticamente a visão estratégica definida para 2025.
Não culpo o presidente, pelo escrevi acima, isso fica claro. Tem estrela, o Guerra, pois no script de GreNal, geralmente toma goleada quem demite treinador na semana de clássico. Não foi o que aconteceu sábado, fui lá e testemunhei: empate com sabor de vitória, devido ao pênalti não assinalado. Mas pergunto: o time do Grêmio conseguirá manter toda aquela extrema pegada ao longo do ano? Terá vigor físico para tal? Duvido muito! Daí, o que entrará em campo será a lógica "trabalho+tempo=resultado". Mano terá tempo para isso? Espero que sim, que a sorte ande ao seu lado, eis que competência, insofismavelmente, possui.
Como Guerra acionou o modo desespero cedo, ao contrário do que Bolzan fez em 2021, pode ser que tudo, ao final, dê certo, evitando-se o mesmo desfecho. Espero que isso aconteça. Só não possuo mais a convicção de que o Grêmio terá um 2025 bem melhor do que 2024, quando ainda havia Quinteiros trabalhando. Penso que Mano, por mais qualificado que seja, não terá tempo para tal. E o Gauchão mostrou isso: a equação "trabalho=resultado" só funciona com tempo.