João Adolfo Guerreiro
Descobrindo a verdade/ sem medo de viver/ A liberdade de escolha/ é a fé que faz crescer.
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Textos

Secar é melhor que torcer

 

"Viver é melhor que sonhar", disse Belchior na canção. E eu diria que, em futebol, secar é melhor do que torcer, eis que torcer é sonhar, sempre.

 

O secador vive da realidade; o torcedor, na fé, na esperança, no desejo e no sonho. No futebol, como metáfora para a vida, mais se perde do que se ganha. Sendo assim, o torcedor, antes de tudo, tem de ser um bom perdedor do que ganhador, eis que mais perderá do que ganhará. Contudo, o grande prazer está no torcer, eis que ganhar, mesmo que prazer efêmero, é mais intenso do que a vazia alegria do secador. Tudo isso, creio, é muito óbvio: o secador sorrirá mais, mas o torcedor sorrirá melhor. Todavia, o secador vive na realidade e o torcedor no sonho, logo o primeiro sorrirá mais e o segundo emburrará mais. Lados da moeda.

 

Escrevo isso pelo feito expressivo do Inter recentemente, vencendo por 0x1 o Bolívar na altitude de La Paz. Não é pouca coisa, mesmo. Passa muita confiança para um time que acrescentou um avante matador, um meia veterano de alto nível e um goleiraço ao plantel, recentemente. Parece que o time vice brasileiro de 2022, enfim, ressurgiu, indicando que o sonho da Libertadores não é utopia, mas sim possibilidade concreta. Não subestime o resultado, foi a primeira derrota do Bolívar na altitude, nesta Libertadores. O meu Grêmio, por exemplo.

 

Há quarenta anos, em março de 1983, ano em que venceu pela primeira vez a Libertadores da América, o Tricolor superou o mesmo Bolívar em La Paz, na fase de grupos, por 1x2, de virada, com o volante China fazendo um golaço inesquecível, um foguetaço da intermediária. Quem acompanha futebol sabe que vencer na altitude é muita coisa, prova que um time está no caminho de algo legal, ainda mais depois de despachar uma equipe como o River. Pode até não chegar lá, pois futebol é imprevisível, mas que está no caminho, está. Eu pouco vi o jogo, apenas acompanhei a algazarra das gurias coloradas daqui de casa, gritando "Vamo Inter!".

 

Minha família é Grenal, tem torcida pros dois times, por isso não seco. Tem tanta gente que gosto que é colorada na família, amigos e colegas, que não consigo secar. Nem gosto. Prefiro torcer, mesmo consciente de que secar é melhor que torcer, pois aprecio os prazeres mais intensos, não os gozos indiretos, despidos de intensidade. Diz muito sobre minha pessoa o fato de ter aderido ao Grêmio, seduzido pela beleza ímpar do manto tricolor, no início de 1977, pois todo mundo sabe como estava o Grêmio no início de 1977: como o Inter agora em 2023, há anos na seca total. Só me ligo de verdade no Inter quando é Gauchão, daí sim, sai de baixo, vermelhinho. Estou ansioso pelo hepta estadual em 2024! No mais, sendo poético, digo, metaforicamente, que amo tanto o Grêmio que não sobra espaço em meu coração para ódio ao Inter. Rival mesmo era o alvi-verde Fussball...

 

Finalizando a crônica: Grêmio e Inter vencerem nacionais, continentais e mundiais é bom para ambos, pois a rivalidade Grenal é intensa e a régua se torna alta para os torcedores, esses que sonham e que, por tal, mais sofrem, ainda mais quanto mais alto é o sonho. Domingo é dia de sonhar na Arena, novamente, e estarei lá, torcendo. Ainda acredito na conquista do Brasileiro 2023. E vocês, caros colorado e colorada, acreditam na Libertadores? Boa sorte pra gente.

 

Um bom final de semana para todos. Cuidem-se, vacinem-se, vivam, torçam e fiquem com Deus.

João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 25/08/2023
Alterado em 25/08/2023
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