João Adolfo Guerreiro
Descobrindo a verdade/ sem medo de viver/ A liberdade de escolha/ é a fé que faz crescer.
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Textos

Desenho e imagem - Alexandra Virote

 

O dia após o Dia das Mães

 

Quando não se tem mais mãe, o Dia das Mães perde todo o significado. Eis a minha experiência, ontem - e sei que cada um reage de forma diferente às perdas e vicissitudes da vida.

 

Ano passado, oito meses após sua partida, ainda estava naquela de aproveitar a data, presenteando as outras mães da família e coisa e tal, meio que no embalo dos anos anteriores, quando a minha mãe era viva e eu as homenageava também. Esse ano, não. Pensei em repetir e me senti oco por dentro, quase deprimi. Sem ela por aqui, não deu. O sentido da efeméride se perdeu completamente, para mim. Minha irmã até postou algo nas redes sociais, eu nem para isso tive vontade.

 

No Dia dos Pais, como tu é pai, então dá pra se envolver ainda, mesmo com a ausência do teu pai, mas, não sendo mulher, o vazio encheu insuportável e insofismavelmente o domingo. E me acordei nesta segunda-feira com um gosto amargo na boca, afeito a tais reflexões. Ressaca do Dia das Mães, que não foi o dia da mãe - da minha mãe. É que o amor entre mãe é filho é um amor extremamente físico, visceral, carnal, mesmo não sendo eros, mas sim um amor pleno que engloba todos os outros: storge, ludus, philia, pragma e que inclusive nos leva ao estado do ágape - sim, o amor de mãe é aquele que, na esfera terrena, mais nos aproxima do amor ágape, o que mais nos instrui em direção a ele. Logo, é um amor físico e, ao mesmo tempo, espiritual, Por isso mãe é única e insubstituível. Sim, "mãe só tem uma", é verdade mesmo.

 

Nunca deixei de passar um Dia das Mães com ela, nunca. Compromisso sagrado, o mais sagrado de todos, até mesmo que o seu aniversário, eis que esse era um dia dela com todos, enquanto o Dia das Mães era só nosso, exclusivo. Sua ausência neste plano físico me retraiu por completo nesta data. Nada, nunca mais, será como antes. Sinceramente, nunca pensei que a perda dos pais fosse algo que redefinisse tanto a nossa vida, supunha que fosse apenas uma dor grande que, depois, fosse amainando com o passar do tempo, permanecendo a ausência. E isso é verdade, só que tem mais: é um dos divisores de água em nossa vida. Pra mim, pelo menos, está sendo.

 

Dia das Mães, agora, é uma data sem concretude, com significado apenas simbólico e social. Felizes aqueles que ainda as tem, como as pessoas com as quais passei o domingo. No sábado até fui num chá de fraldas, uma mãe a caminho, já quase nos finalmentes. A vida continua. Sortuda, a bebê que está pra nascer. Eu é que sei.

 

Uma boa semana para todos. Cuidem-se, vacinem-se, vivam e fiquem com Deus.

João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 15/05/2023
Alterado em 15/05/2023
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