João Adolfo Guerreiro
Descobrindo a verdade/ sem medo de viver/ A liberdade de escolha/ é a fé que faz crescer.
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Textos

A última crônica de 2022

 

Ontem um colega de trabalho se aposentou e Pelé morreu. Hoje faz um ano que meu pai faleceu.

 

Um cara legal, na boa e na dele, fazia a sua e não se encarnava em ninguém: eis o Paulo no serviço. Um cara comprometido, produtivo e responsável. Convivemos por exatos 20 anos no mesmo trambe, na maior parte do tempo em setores diferentes, mas seguido batíamos um papo prazeroso nos intervalos. Quantas histórias dele tenho na memória, mas bah. Uma convivência profissional não é pouca coisa, gera respeito, admiração e coleguismo. Compartilha-se vivências e coisas. Coisas boas, coisas positivas, coisas legais. Fará falta por lá, todo dia pela manhã, chegando pra labutar, o Paulo. Um cara 10. Dei um espumante pra ele pela data. Espero o encontrar pelas quebradas da vida.

 

Os ciclos da vida se fecham e se renovam, como um ano que termina e como um ano que inicia. Há um ano meu pai existia. Sem os pais a gente perde as referências físicas, o porto seguro concreto. Viramos o porto seguro dos outros! Acaba o conforto de ser filho e inicia a responsa de ser patriarca, faz parte. Sem colo, dar colo. Um novo ciclo, evolução à fórceps e com dor, assim como nascer. "Ele disse Marvin, a vida é pra valer Eu fiz o meu melhor E o seu destino eu sei de cor". Viver é sobreviver, adaptando-se. Mostrar "coragem nesse turbilhão de acontecimentos", mais precisamente, como ele escreveu em seu último cartão de Natal.

 

O século XX só acabou de verdade ontem para o Brasil. O Rei do Futebol se foi. Sem essa de Maradona, Messi e Mbappé, sem MiMiMi. No Pais do Penta, Pelé é Rei do Brasil e Imperador do Mundo da Bola. Maiúsculo, paira sobre todos os boleiros no planeta redondo - a bola-mor -, superlativo, inúmeros números. Era um cara perfeito? Não errou? Quem é perfeito? Quem nunca errou? Era humano imperfeito, como todos, mas Rei e único, como atleta. O Atleta do Século XX, aliás. O mundo é que aclamou, não sou eu que digo. O legado é insofismável. Não precisam engolir, é só respeitar o Número 1 da Camisa 10. Na Pátria de Chuteiras, Pelé foi o Rei Menino de azul-Aparecida e o Rei Negro de canarinho que nos tirou do Complexo de Vira-latas para a estima do topo do mundo redondo, dando auto-estima ao povo brasileiro. Quem viveu o século XX sabe dessas coisas.

 

Enfim, amanhã 2022 acaba e esta é a última crônica que escrevo esse ano. Penso que 2023 será um ano melhor. As coisas estão se renovando, mudanças acontecendo e energias diferentes vão rolar. 2020 foi terrível e 2021 muito ruim, mas, em 2022, tudo o que tivemos de pior parece estar passando. Escrevo para os que possuem fé no futuro, pois a vida só existe, concretamente, de hoje para amanhã, como realidade e possibilidade. Comemorem o final de ano, só não façam gracinha pro tinhoso rir correndo perigo sem necessidade.

 

Um bom final de semana, final de ano e início de ano para todos. Cuidem-se, vacinem-se, usem máscara em locais fechados, vivam e fiquem com Deus.

 

 

Texto publicado em 30 dez 2022

João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 29/12/2022
Alterado em 30/12/2022
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