João Adolfo Guerreiro
Descobrindo a verdade/ sem medo de viver/ A liberdade de escolha/ é a fé que faz crescer.
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Entre o alquimista e o hippie, 30 anos

 

Já escrevi recentemente aqui sobre o aniversário de 75 anos de Paulo Coelho, o escritor brasileiro que é o autor que mais vende livros no país e um dos que mais vende no mundo. Faltou abordar um pouco a natureza de seu trabalho, que é o que faremos hoje brevemente, a partir dos livros O Alquimista e Hippie, lançados num intervalo de três décadas um do outro.

 

A busca pelo autoconhecimento através da simplicidade na relação com as coisas da vida, visando uma experiência pessoal em busca da sua verdade. Baseando-se apenas na leitura desses dois livros, seu maior sucesso de vendas lançado em 1988 e o seu trabalho mais recente, tanto o romance O Alquimista quanto a autobiografia Hippie seguem a mesma receita, trinta anos depois, falando de personagens diferentes em contextos temporais diversos. O espanhol Santiago do romance vai em busca de sua "lenda pessoal", enquanto o brasileiro Paulo da autobiografia é um jovem vivendo as descobertas da sociedade alternativa da contracultura dos anos 1960. Variações de um mesmo tema, ambos seguindo a via do esotérico e do transcendental.

 

Enfrentando caminhos e descaminhos, aventuras e desventuras, paraísos e perigos em suas respectivas jornadas, Santiago e Paulo me fizeram lembrar um pouco os navegadores de antanho em suas buscas pela ampliação dos horizontes do mundo, no caso, algo bem mais radical. Fernão de Magalhães, por exemplo, ao ir atrás de sua convicção numa passagem pelas américas atrás das "índias" e suas especiarias, descobriu uma forma de passar o Atlântico - o Estreito de Magalhães - ao entrar no imenso oceano que nomeou de Pacífico e ser o primeiro a dar uma volta ao mundo sobre os oceanos. Sem esoterismo ou busca de autoconhecimentos, esses homens foram inflexíveis na realização de suas "lendas pessoais", buscando fama e fortuna.

 

Na comparação, Santiago inicia sua caminhada motivado justamente pela busca de um tesouro, visto num sonho repetido. Paulo não, busca tão somente a sua identidade e a verdade, mediado pelo divino. Jornadas, tudo são jornadas em busca de algo, através dos milênios. Ou isso ou a vida comum, acomodada no cotidiano seguro, como a do vendedor de cristais de O Alquimista. Uma outra intersecção entre as obras e os navegantes: as mulheres contam, mas esperam no porto, ou no oásis, ou são companheiras de jornada que ficam pelo caminho, ou seja, a busca importa mais que o amor romântico. A reprodução do "navegar é preciso, viver não é preciso", seja numa nau pelo oceano, num camelo pelo deserto ou num ônibus por diversos países. O mundo é o espaço geográfico da descoberta que conecta o homem à verdade da vida.

 

Quanta reflexão sugerem dois livros de Coelho, temporalmente tão distantes em sua bibliografia, não é mesmo? Embora os livros não sejam a verdadeira aventura, mas sim a simplicidade na experiência vivida com coragem pelo mundo, como nos mostra o exmplo do estudante de alquimia inglês de O Alquimista e ensina o mestre sufista de Hippie.

 

Um bom final de semana para todos. Cuidem-se, vacinem-se e fiquem com Deus.

João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 02/09/2022
Alterado em 02/09/2022
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