João Adolfo Guerreiro
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Textos
Saldino Pires, o cidadão cultura

Estamos na semana que marca os 15 anos da realização do Iº Sarau Literário de Charqueadas, que aconteceu de 24 a 28 de outubro de 2005. Na sexta-feira passada escrevemos sobre ele e ressaltamos a figura de sua patronesse, a poetisa Valda Tissot Junqueira (1933 - 2013). Na entrada da noite desta segunda-feira chuvosa, falaremos sobre outro dos grandes expoentes da literatura e da cultura local, Saldino Antônio Pires, que foi, mais do que merecidamente, o patrono do IIº Sarau Literário, em 2006.

Pires - jornalista, historiador, escultor, pintor e escritor - nasceu dia 31 de janeiro de 1944, em Charqueadas, tendo sua vida e sua produção intelectual intimamente voltada para essa cidade. É descendente de um dos primeiros habitantes dessas terras, Francisco Correia Sarafana. Na área jornalística, foi um dos fundadores e diretor do jornal Folha Mineira, de 1966 a 1986. Além de produtor, é também um ativista da área cultural: fundador do Museu de Arte e História de Charqueadas – MAHC, que funciona (va) anexo a prefeitura; primeiro presidente do Conselho Municipal de Cultura; foi responsável pelo acervo do Memorial do Mineiro, situado no Parcão, junto a ERS 401. Isso só para citar uma parte dos frutos de sua militância cultural. Assim, seu nome, por sua produção artística, está ligado aos três dos principais equipamentos culturais da cidade: o Memorial, o MAHC e a Biblioteca Pública Municipal Vera Gauss. No Memorial, sua escultura em cimento armado “Guardião” fica à entrada, lembrando que ali está a tratar-se da atividade exercida pelos trabalhadores mineiros.

Na Biblioteca podemos encontrar exemplares de suas três obras sobre a história local: Charqueadas: sua origem, sua história e sua gente, de 1986; Conhecendo Minha Cidade, editada em 1990, 1996 e 2000; e Histórias do povo de Charqueadas: um patrimônio ainda desconhecido, de 2012. No MAHC, suas pinturas já fizeram par com a de outros artistas locais em exposições. Tanto compromisso com a cultura local não passou sem o reconhecimento de seus pares: foi patrono da Iª Feira do Livro de Charqueadas em 1998, dentre outras homenagens recebidas ao longo dos anos.

Na pintura, Saldino começou em 1985, produzindo quadros à óleo, sendo que podemos destacar a série “Retratos de Charqueadas”, onde fez releituras de fotografias referentes a história da cidade. Na capa de seu primeiro livro é possível ver reproduzidas três obras dessa série: “O Sobrado de Charqueadas”, “A Torre de Aço” e “A Procissão dos Navegantes”. Como escritor, ressalta em seus livros, através de gênero crônica, as histórias características do povo local. Nesse mesmo sentido vão seus trabalhos publicados nas edições da Mostra Literária de Charqueadas e nos textos expostos nas sete edições do Sarau Literário de Charqueadas, realizadas no Solar Shopping. “O Chafariz da Praça”, crônica publicada em seu livro de 2012, é um exemplo clássico de sua literatura. Podemos citar ainda outros textos marcantes: “Funeral da Pretinha”, “Cadê a ponte, prefeito?” e “Discurso no enterro”.

O que está escrito acima resume uma parcela das atividades do cidadão charqueadense Saldino Antônio Pires, cuja biografia se confunde com a cultura e a história local, as quais testemunhou, participou, retratou e traduziu. Realmente, uma figura importante ele, sendo mais do que pertinente relembrar parte da biografia desse "cidadão cultura" a propósito dos 15 anos do Iº Sarau Literário de Charqueadas.

OBS - Esse texto é uma versão editada e modificada de "70 anos de Saldino Pires", publicado em 25 de março de 2014 aqui no Portal, também de minha autoria, com foto de Viviane Bueno.
João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 26/10/2020
Alterado em 26/10/2020
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