João Adolfo Guerreiro
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Textos
O silêncio dos inocentes?

Pobres zelotes, trágico foi o seu fim. Era um dos grupos político-religiosos que existiam na Judéia no tempo de Jesus, adepto da resistência armada contra o domínio romano. Especula-se que Barrabás, personagem citado no Novo Testamento, era um zelote.

Os zelotes foram o último segmento judeu derrotado nos anos 70 d.C., quando Roma devastou a nação e destruiu o Templo de Jerusalém. Cerca de mil zelotes, entre guerreiros e seus familiares, refugiaram-se na Fortaleza de Massada (foto acima), situada num planalto escarpado de 600 metros de comprimento por 300 de largura, perto do Mar Morto e que, em sua parte mais baixa, no lado oeste, ficava à 137 metros do solo e, em sua parte mais alta, leste, à 400. Mas os romanos eram obstinados quando se tratava de eliminar seus inimigos: segundo o historiador judeu Flávio Josefo (37 a 100 d.C), eles sitiaram a fortaleza durante dois anos, período em que construíram uma gigantesca rampa, com uma base de 210 metros, para acessá-la pelo seu lado mais baixo.

Quando a rampa alcançou 100 metros, fizeram em seu topo uma plataforma de 22 metros de altura por 22 de largura e, sobre essa, instalaram uma torre de 28 metros. Dali, atacaram a muralha de Massada com um aríete, até rompê-la. Ao realizarem o derradeiro assalto com suas tropas, encontraram Massada num intrigante e inesperado silêncio. Um silêncio que, constataram em seguida, era sepulcral: os zelotes, que ainda possuíam víveres em grande quantidade, preferiram o suicídio coletivo à derrota e à escravização.

A nossa grande mídia apresenta no momento uma determinação romana ao divulgar os fatos referentes a Operação Lava Jato da Polícia Federal (PF), envolvendo a corrupção na Petrobrás, ao mesmo tempo em que guarda um silêncio à la Massada quanto à Operação Zelotes, da mesma PF, que investiga várias empresas, bancos e grupos de comunicação em supostos casos de sonegação fiscal envolvendo funcionários públicos. São 74 processos investigados no valor de 19 bilhões de reais em dívidas ao fisco dos suspeitos, que, segundo estimativas da PF, causaram um prejuízo de cerca de 6 bilhões em impostos sonegados. Logo, vê-se, trata-se de um silêncio nada inocente.

Aqui em nosso estado a RBS é uma das investigadas, num valor que totaliza R$ 672 milhões. Mas como investigado não é condenado e suspeito não é criminoso, não há de se imputar ilícito prévio a ninguém. Entretanto, é fato que assim como empreiteira adora político, financiando suas campanhas, banco adora empresa de comunicação, injetando muito dinheiro nas mesmas via publicidade. E juntando A com B, surge a pergunta óbvia: você caro leitor, tem visto notícias sobre a Operação Zelotes na grande mídia, especificamente nos veículos da RBS? Tem visto seus colaboradores abordarem o fato em suas colunas e artigos, como fazem no caso da Operação Lava Jato?

Curiosa é, também, a ausência de notícias regulares sobre a CPI do HSBC. E justamente o é porque envolve contas no estrangeiro de vários famosos brasileiros, desde atores e atrizes até donos de grandes grupos de comunicação. Um caso que teria tudo para gerar bastante audiência, concordam?

Aos outros, a execração pública, a nós e aos nossos, o benefício da dúvida e do silêncio. O silêncio dos zelotes foi uma afronta radical e mártir aos romanos, negando-lhes a glória da conquista. Outros silêncios, porém, não guardam mérito ou valor algum.

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TERCEIRIZAÇÃO – a mobilização das centrais sindicais está fazendo alguns partidos mudarem de posição quanto ao projeto que, em sua forma original, vai contra os interesses de quem vive de salário.


Artigo publicado na seção de Opinião do jornal Portal de Notíciashttp://www.portaldenoticias.com.br
João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 23/04/2015
Alterado em 23/04/2015
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