João Adolfo Guerreiro
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O "mergulhão" charqueadense

Uma matéria assinada por Cauê Florisbal e publicada aqui no Portal, na edição 691, de 16 de maio, sobre o atraso no andamento das obras do CEU (Centro de Artes e Esportes Unificado) Jorge Afre Rodrigues no Bairro Sul América (antiga Vila Cohab), em Charqueadas, chamou minha atenção.

Antes de ler a matéria de Florisbal, havia visto, numa rede social, dia 7 do mesmo mês, postagem da Bancada do PT dando conta de um pedido de informação da vereadora charqueadense Paula Nunes acerca do mesmo assunto. Assim, veio à lembrança a figura do ex-vereador e ex-secretário de Obras da cidade. Ainda mais que, no último sábado, Afre estaria completando 65 anos de idade.

Pertinente a iniciativa da Prefeitura Municipal em homenageá-lo dando o seu nome ao CEU do bairro em que morou por 35 anos e onde seus familiares ainda residem. Mas não somente por isso a ideia do prefeito Davi Gilmar é boa. Além da notória biografia ligada à militância sindical metalúrgica e político-partidária no PT, o “Barbudo da Boina” foi uma pessoa voltada para os esportes e para as artes.

Em Rio Grande, o “mergulhão” (gentílico associado aos que, como Afre, nasceram em Santa Vitória do Palmar) atuou amadoristicamente no teatro e no futebol de campo, neste último como meia e ponta-esquerda. Contava aos mais próximos muitas histórias dessa época. Essas duas paixões ele trouxe para Charqueadas.

No campo artístico, aqui se voltou para a literatura. Participou da várias edições do Sarau Literário de Charqueadas e publicou contos e crônicas na I Mostra Literária de Charqueadas (1999). Quando vereador lançou o livreto de poemas Poesias do Coração (2002). Deixou pronto o manuscrito do romance de inspiração espírita Algemas da Razão.

Como funcionário da forjaria da Aços Finos Piratini (atual Gerdau), jogou em muitos torneios internos no futebol de campo e no de salão, tanto no campo da AFAÇO quanto no ginásio do Sindimetal, sendo que deste tinha satisfação em lembrar que fora o tesoureiro da entidade durante a sua construção.

Nesse mesmo ginásio, não esqueço, uma vez estávamos assistindo a um jogo de futsal da equipe do Sindimetal, sentados na arquibancada próxima aos fundos. Numa falta a favor do time da casa, frontal a área, Afre cantou a jogada a ser feita: “Essa bola o cara mete na direita para um canhoto, de pé-trocado, colocar no canto direito do goleiro, pegando ele no contrapé quando ele voltar da barreira para fechar o canto esquerdo.”

Quem estava na direita era o canhoto Zé Galinha, grande boleiro local, recentemente falecido. Zé sinalizou ao cobrador, passando o dedo na quadra, ao lado da área, onde queria a bola. O Afre: “Cuida só, se o cara meter ali onde o Zé pediu ele vai fazer o que eu disse.” Dito e feito. Zé bateu de primeira, colocando a bola à meia altura no canto direito, deixando o goleiro, em deslocamento para o canto esquerdo, completamente fora do lance. O Afre, vibrando: “Viu? Pra jogar bola tem de ter cabeça também.”

Torço para que os entraves burocráticos e financeiros que estão brecando a continuidade das obras do CEU Jorge Afre Rodrigues (que tinham previsão inicial de conclusão para abril de 2013), citados na matéria de Florisbal, sejam superados o mais breve possível, a fim de que eu possa, com muita satisfação, participar da sua inauguração, homenageando esse mergulhão charqueadense.

 
João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 25/05/2014
Alterado em 25/05/2014
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