Sábado, 18, Samuel Vieira (voz e violão) e Gilson Baresi (saxofones alto/soprano e flauta transversal) se apresentaram à noite no Restaurante Uruguayos, em Charqueadas. Boa música: MPB, samba e rock, num formato duo que raramente se vê na cidade. Principalmente, também, porque pouco se toca samba e MPB na noite local, ultimamente.
Depois dos duos Gheller & Huzalo (violão e violoncelo) nos extintos Live Studio e Petiskus e Pradella & Rambor (violão e baixo acústico - "rabecão") no Tempero Literário (São Jerônimo), Samuel & Gilson me proporcionaram ouvir um bom cardápio musical com temperos instrumentais diferentes dos usuais.
Podia escrever muito sobre a apresentação de ontem, mas prefiro destacar apenas dois momentos: em primeiro lugar, a interpretação que deram para Wave (Tom Jobim, imortalizada na voz de João Gilberto), com o sax alto de Baresi "soprando" suave e deliciosamente a melodia. Onde se ouve bossa nova na noite hoje em dia, aqui na região?
Em segundo lugar, o requinte da harmonia que Samuel fez ao violão para Como Nossos Pais (Belchior). Deu outra cor e vida para a magnífica canção, enriquecendo-a. Foi muito legal de se ouvir e perceber as variações de acordes que ele fazia.
Ao par do som, no Uruguayos ainda se pode "saborear" o bom gosto das telas de Andréia Berbigier ali expostas, o que soma pontos para o restaurante.
Em resumo: uma noite que valeu a pena. Podem ir num local onde eles estiverem tocando que será certeza de uma boa pedia. Recomendo.
Cerca de 10 mil pessoas, segundo os organizadores, caminharam ontem pelas ruas do Centro Histórico e da Cidade Baixa, em Porto Alegre, contra o impeachment e as reformas da Previdência e da CLT, sob o brado: Fora Temer!
Li no Facebook uma postagem essa semana que dizia: "Quem não lê, fica sabendo pelos outros". Ok. Entretanto, muitas vezes a gente lê e também fica sabendo pelos outros, pois a informação escrita não corresponde à verdade ou corresponde apenas parcialmente. Logo, somente quem participa das coisas pode ficar realmente inteirado acerca do que aconteceu. Nesses atos públicos, isso vale mais ainda.
No ato Fora Temer de ontem em Porto Alegre, na Esquina Democrática, lemos muito pouco nos jornais de hoje: no Correio do Povo, apenas uma notinha na coluna de Taline Opptiz fala em "milhares de pessoas presentes". Na ZH: a coluna de Rosane de Oliveira coloca que o ato foi menor que o de sexta-feira passada, quando da visita da presidenta Dilma ao mesmo local; e, em matéria na editoria de política, informa que a BM estimou que mil pessoas estavam presentes no local. Informações muito parciais.
Na verdade, o evento de ontem reuniu mais que as 10 mil pessoas presentes na visita de Dilma. Logo, calculo algo como umas 12 mil pessoas no protesto, quando de seu pico, após a primeira caminhada e retorno à Esquina Democrática, de onde, posteriormente, o público saiu em direção à Avenida João Pessoa, após subir a Borges de Medeiros. As estimativas da BM e de Rosane só podem ter sido calcadas quando o ato estava em seu início, lá pelas 18 horas. Daí sim.
Dia 31 de março, uma manifestação na Esquina Democrática contra o impeachment reuniu, conforme a BM, 18 mil pessoas. Como fui nos três eventos, posso comparar os números e o volume de público presente em cada um, fazendo estimativas próprias. Logo, muito bom o público na noite de ontem, levando-se em conta que se realizou uma caminhada de duas horas por ruas e avendas do Centro e Cidade Baixa numa tempratura abaixo de 5 graus.
Claro, nem se compara, em termos de público, com a manifestação de 13 de março a favor do impeachment na mesma cidade, da ordem de 100 mil pessoas. Aquela pudemos aconpanhar pela TV, tanto ao vivo quanto em fartas matérias posteriormente, coisa que as grandes empresas de comunicação não estão fazendo agora, em relação aos atos contra Temer. Desta forma, diferentemente daquela, só indo às manifestações de hoje para se ter uma percepção exata do que está acontecendo, sem comer pela boca ou pelas mãos dos outros.
Foto acima: montagem sobre o quadro "A Liberdade Guiando o Povo" (1830), de Eugène Delacroix
Foto: Amauri Cairuga
Foto: Correio do Povo Online / Fabiano Amaral /
Agora é o presidente interino, Michel Temer, e sua aliança PMDB - PSDB que passa a ser fustigado pelas ruas, hoje, em todo o Brasil. Óbvio que não são as mesmas pessoas que pediam o impechment de Dilma Rousseff. Essas estão constrangidas por um governo que, nem bem completou um mês, já se afoga na corrupção que as ruas combatiam: 65% das pessoas, segundo a pesquisa do MDA/CNT do dia 8 passado, acham que a corrupção no governo Temer será igual ou pior que antes. Com razão.
Se antes eram basicamente eleitores de Aécio Nevez de classe média, agora são petistas e membros da Frente Popular que puxam o cordão. Contrariedade com as reformas da Previdência e da CLT é, ao lado do combate ao "golpeachment", a tônica dos protestos.
Ao contrário das grandes manifestações anteriores, onde parcela da população aderiu, agora o povo, mais desiludido e desconfiado do que nunca, fica apático, mesmo que o endurecimento do ajuste fiscal proposto pelo governo interino o tenha como alvo principal.
Imagem: TV Poeira
Não é todo o dia que se pode ver a história passar à sua frente. Cerca de 10 mil pessoas foraqm à Esquina Democrática ouvir a presidente afastada. Todavia, não deu capa dos principais jornais gaúchos nem na sexta nem no sábado. Sintomático.
Triiiimmmm triiiimmmm triiiiimmmm
- Alô.
- Alô Marilyn.
- Oi João, fala.
- Happy birthday to you...
- Ah, obrigado. Porque tu não veio ontem?
- Ah, tava de serviço né. Como foi a comemoração?
- Foi muito boa, claro. Não é todo mundo que chega lembrada aos 90.
- E inteiraça! Uau syl!
- Abobado.
- Eh eh eh eh eh eh