João Adolfo Guerreiro
Descobrindo a verdade/ sem medo de viver/ A liberdade de escolha/ é a fé que faz crescer.
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Meu Diário
16/04/2008 19h13
Sérgio de Souza
Só vi ontem que morreu, dia 25 de março, aos 74 anos, o editor e um dos fundadores da revista Caros Amigos, o jornalista Sérgio de Souza. Fui comprar a edição de abril na banca e vi na capa.
Souza estava há 11 anos à frente da revista. Realmente, nunca é tarde para começar uma coisa nova e importante na vida.
Coloco aqui uma parte da entrevista publicada nesta edição de Caros Amigos, a última dada pelo jornalista, "concedida à mestranda Luciana Chagas, do Rio de Janeiro, em fevereiro de 2008 (Ela estava justamente preparando o mestrado sobre a Caros Amigos)":


Qual é a sua trajetória
profissional? Você se considera um intelectual?

Comecei na Folha de S. Paulo (então Folha da Manhã e Folha da Noite) como revisor (1958). Estava no Banco do Brasil e vi na Folha um anúncio: “Você quer ser jornalista?” Me inscrevi, junto com Sérgio Pompeu, que também trabalhava no banco e se tornaria um grande jornalista, chegando a editor da Veja, nos bons tempos da revista. Passamos os dois (era um teste de redação e um teste de Roscharsch, este pra ver se éramos deficientes) e fomos pra revisão. Passamos a repórteres. Depois: repórter da sucursal paulista da Bloch, revistas Manchete e Fatos e Fotos; repórter de Notícias Populares; repórter de Quatro Rodas; editor de texto de Realidade; editor de O Bondinho, Grilo, Revista de Fotografia, Jornalivro, Ex-; professor do curso de jornalismo da Unip; editor, junto com José Hamilton Ribeiro, do jornal O Diário, de Ribeirão Preto; editor do semanário Domingão, Ribeirão Preto; editor do semanário Aqui São Paulo, de Samuel Wainer; diretor de jornalismo das rádios Globo e Excelsior; idem da TV Tupi; editor-chefe do Jornal da Bahia, em Salvador; editor de texto da revista TenisEsporte; editor-chefe do programa Fantástico; diretor da Divisão de Realidade da TV Bandeirantes; editor dos programas Nossa Copa (apresentado por Juca Kfouri), O Limite do HomemBarra Pesada (apresentado por Octavio Ribeiro, o Pena Branca), da produtora Manduri 35 para a TV Record; redator-chefe da revista Placar; diretor de redação da revista Globo Rural; editor de Caros Amigos. Não me considero um intelectual, me considero um prático de jornalismo.

Qual é a diferença entre grande imprensa e jornalismo alternativo?
Alternativos, na concepção que entendo, seriam os veículos não-ligados a empresas grandes; veículos de linha editorial ditada pelos profissionais que os fazem e não por empresários; veículos independentes de qualquer entidade, pública ou privada; que tenham compromisso de publicar a opinião de seus colaboradores, além da dos seus editores; veículos infensos a eventuais pressões ou censura; a diferença, enorme, entre o capital de uma editora desse tipo de publicação e o de uma editora da imprensa grande; a relação entre os profissionais de uma e de outra, respeitosa e fraternal na primeira, rígida e impessoal na segunda. Deve haver outras diferenças, que não me ocorrem agora.

Como foi trabalhar na revista Realidade?
Trabalhar na Realidade foi a realização do sonho de todo jornalista, por várias razões: liberdade para criar, liberdade para executar, independência em relação às opiniões do patrão, alto salário, espírito de equipe acima de qualquer veleidade individual, recursos para cumprir pautas que demandavam alto investimento, o afeto do verdadeiro companheirismo e amizade, e a extrema satisfação de mexer com a cabeça do brasileiro, para mim o objetivo maior do jornalismo.


Publicado por João Adolfo Guerreiro
em 16/04/2008 às 19h13