João Adolfo Guerreiro
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Textos
OUTONAIS

“Ela sempre teve seios outonais” – li, há tempos, alguém escrever numa revista sobre os seios de Vera Fischer, baseado em fotos da atriz para a revista Playboy. Confesso que, na ocasião, não entendi bem o que ele quis dizer, mas supus que era uma metáfora, um jeito poético de qualificá-los como “caídos”. Foi algo parecido com o blábláblá recente sobre a “comissão de frente” da Bruna Marquezine, o que me leva a crer que, na minha opinião, tem gente que entende muito de silicone e pouco de mulher

Então vejam só, a bela Vera Fischer, ex-miss Brasil, possuía seios adjetivados como outonais, pejorativamente outonais. Pensei: Como seriam outros tipos de seios, os invernais e os primaveris, por exemplo? Na verdade eu não gostei do que li, visto que um dos meus orgulhos aos 15 anos era ter um pôster gigante da Vera Fischer (igual ao da foto acima) colado na parede do meu quarto, referente a edição de agosto de 1982 da Playboy, comemorativa ao sétimo aniversário da publicação. Um jornaleiro conseguiu pra mim. Queria comprar, mas ele me deu, era um cara tri legal, deve ter se encantado com minha ávida insistência. Como era um pôster de divulgação destinado às bancas, não “mostrava nada”, mesmo Vera estando nua, como vocês podem ver. Esse era eu, aos 15 anos, um rapaz ingênuo ainda na “primaVera” da vida, prestes a adentrar o “VERÃo” da existência.

Minha mãe implicou com aquela mulher seminua ocupando a metade superior de toda uma parede (o pôster era gigante mesmo), mas meu pai silenciou, aprovando-o. Assim, a loira recebeu o “habeas corpus” paterno, permanecendo no meu quarto acompanhada de pôsteres do Led Zeppelin, AC/DC, Iron Maiden e quadros do Gandhi e Chaplin.

Recordei esse fato em virtude de daqui a pouco, às 13h15min, iniciar o outono. Aprecio essa estação, entendo que não mereça ser um adjetivo pejorativo. Embora goste mais da primavera, por seu colorido floral, gosto do outono pelas temperaturas amenas que oferece, como agora pela manhã. Sou um homem que veio do frio, isto é, nascido na noite mais longa do ano, a do santo da fogueira, em pleno inverno. Todavia acho-o, bem como o verão, muito extremo. Outono e primavera são na medida certa!

Obviamente fui ao Google buscar fotos antigas de minha musa da adolescência. E, reparando com o olhar de hoje nos seus seios de outrora, continuo a pensar que o escritor foi injusto com esses e com o outono, mas, mesmo que outonais o sejam, que venha o outono, eis que se trata (subvertendo-se o sentido negativo da metáfora) de uma estação muito agradável, indubitavelmente.


Texto publicado em 20.03.2018 no site do jornal Portal de Notícias: http://www.portaldenoticias.com.br/ler-coluna/518/outonais.html
João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 20/03/2018
Alterado em 20/03/2018
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