João Adolfo Guerreiro
Descobrindo a verdade/ sem medo de viver/ A liberdade de escolha/ é a fé que faz crescer.
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Muita calma nessa hora

Nos próximos dias, lembrem que tanto as pessoas que forem às ruas “pela democracia e contra o golpe” quanto as que forem “contra a corrupção e pelo impeachment”, estarão convictas de que fazem o melhor para o Brasil. O espaço público é para todos se manifestarem, sem ofensas e agressões: o respeito é um pilar da democracia.

Por outro lado, observem também que a corrupção é nociva à democracia, bem como o combate a corrupção de forma corrompida por posições e interesses político-ideológicos. Portanto, nem políticos e tampouco juízes estão acima da lei, nesse momento.

“- Desespero ou tolice? – disse Gandalf. – Desespero não, pois o desespero é para aqueles que enxergam o fim como fato consumado. Não, não. É sábio reconhecer a necessidade, quando todas as outras soluções já foram ponderadas, embora possa parecer tolice para aqueles que tem falsas esperanças” (Tolkien, John. O Senhor dos Anéis: a sociedade do anel. Martins Fontes, 2012, p.373).

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BRADO RETUMBANTE - Pode ter sido bancado pelos empresários, pode ter tido o apoio da imprensa e da oposição golpista, pode ser estimulado por um discurso falacioso e seletivo anticorrupção. Entretanto, não há dúvida que o dia 13 de março foi o maior protesto social da história brasileira ocorrido em um único dia. Pode ter sido o dia D, de Dilma Defenestrada. Não constato isso com alegria, apenas constato.
Em apoio a um juiz justiceiro e hostilizando até políticos de oposição como Aécio Neves, Geraldo Alckimin e Marta Suplicy (!?). Contudo, como um pensamento de direita está hegemonizando os protestos, pode vir daí um revival neoliberal à moda dos anos 1990, retirando direitos de quem vive de salário.

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EXAGERO JORNALÍSTICO - O 13 de março de 2016 foi maior que as Diretas Já? Por favor, menos.
1 - Em primeiro lugar, comparar um protesto de um único dia com um movimento realizado em 41 datas diferentes entre 31 de março de 1983 e 16 de abril de 1984 não é o mais adequado. Dia 13 levou, conforme dados da PM no site G1, 3.600 milhões de pessoas às ruas em todo o Brasil; Diretas Já, 4.550 milhões. 2 - Em segundo lugar, a população do Brasil em 1984 era de 133.4 milhões; hoje, é 200.4 milhões. Logo, no domingo foi às ruas 1.7% da população brasileira; em 1983/84, foi 3.4%. 3 - Em terceiro, o mesmo vale para a comparação entre o protesto de SP dia 13 (na Av Paulista) e o das Diretas Já (no Vale do Anhangabaú). Tomando por base os dados do Datafolha, tivemos 500 mil pessoas domingo e 400 mil em 1984. Como a população de SP hoje é de 12 milhões de habitantes e em 1984 era de 8.5 milhões, podemos concluir que o dia 13 reuniu 4.2% da população da capital paulista e 1984 4.7%.
Assim, a comparação que saiu na segunda-feira nos jornais é inadequada, mesmo que, claro, não diminua a magnitude dos protestos.

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“COXINHAÇO”: RESISTÊNCIA ATIVA - Realizado no mesmo dia em Porto Alegre, o “coxinhaço” foi a ponta de esperança da presidenta Dilma e do PT e aliados, eis que reuniu, segundo a BM, 5.000 pessoas na Redenção. Mesmo que 100 mil pessoas tenham protestado no Moinhos de Vento (um número vinte vezes maior), o ato petista pró Lula e Dilma pode significar que nesta sexta-feira, em todo o país (em Porto Alegre será na Esquina Democrática, às 17h), os atos pró governo possam reunir um número expressivo de apoiadores, mesmo que aquém do 13 de março. Como o processo de impeachment tem um rito que deve durar no mínimo 45 dias, toda força poderá dar um arzinho para o governo reagir, que está sendo estrangulado politica, jurídica e midiaticamente.


Texto publicado na seção de Opinião do jornal Portal de Notícias, versões online e impressahttp://www.portaldenoticias.com.br
João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 18/03/2016
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