João Adolfo Guerreiro
Descobrindo a verdade/ sem medo de viver/ A liberdade de escolha/ é a fé que faz crescer.
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Tchau, fevereiro de 2015

Hoje é o penúltimo dia de fevereiro de 2015. Oficiosamente, o verão está nos descontos (até dezembro próximo, “verdes mares bravios de minha terra natal”) e recomeçam as aulas. Somando-se a isso o fato de o Carnaval já ter passado, inicia-se definitivamente o ano no Brasil.

Agora é trabalhar e assistir a petistas e antipetistas digladiarem-se nas redes sociais. “São as águas de março fechando o verão, é a promessa de vida no meu coração”. O lazer para essa época, para a maioria dos viventes do sexo masculino, é o futebol. Como sou gremista, as promessas de vida para o meu coração não são nada alvissareiras.

O Grêmio tem um estádio de primeiro mundo, um técnico de seleção e uma equipe que disputa a oitava vaga na fase classificatória do Gauchão. O Tricolor está que nem o time lá do serviço, ou seja, não vence (e perde) em casa. O Imortal vai mal na Arena Grêmio e o pessoal, lá na Arena Cururu (o popular Macegão), vá levar sovas do time da gurizada da cantina, numa total assimetria técnica, tática e física. Nem parece o mesmo “estádio” que viu o grande Uéu (Wellington "Romário", até nome de centroavante o cara tem) marcar 102 gols na temporada 2012.

Mas eu não desisto. Domingo, 1º de março, vou lá no Consulado olhar o Grenal, mesmo com o prognóstico para o mesmo sendo terrível. A boa notícia é que o Inter também anda negando fogo. Na Libertadores, numa demonstração inequívoca de acrofobia futebolística, levou 3x1 na altitude de 3.600 metros de La Paz. Minha esperança é dar 1x1 no jogo no Beira Rio, com o gol gremista surgindo de um lançamento do Douglas que encontre o Anderson bem posicionado na área a fim de fazer um gol contra que, no caso, será um gol a favor de sua história.

Sim, eu sou dos poucos gremistas que gosta do futebol do Douglas. Com certeza é o único que sabe jogar bola de verdade nesse time do Grêmio. Se tivéssemos o Douglas ano passado, seríamos campeões brasileiros. Faltou-nos um camisa 10 em 2014. Agora, o temos, mas não possuímos camisa 7, 11 ou 9 que, até o momento, mereça vestir o imortal manto tricolor. Temos a arma, falta-nos a munição.

Falta-nos um Alecsandro, que fez o primeiro gol do Flamengo contra o Brasil de Pelotas na quarta, em pleno estádio Bento Freitas. Gol de centroavante. Um conhecido meu, que é neto do grande Juarez, o “Tanque”, centroavante do Grêmio dos anos 1960, treinado pelo inesquecível Foguinho, disse-me que seu avô lhe ensinou que “centroavante tem sempre de contar com o erro do adversário”. Alecsandro, ao final da partida, disse algo parecido, que fez “gol de centroavante”, aproveitando-se do erro do zagueiro. Esses centroavantes devem ter uma cartilha própria que repassam de pai para filho.

Acompanhando esse jogo do Brasil e do Flamengo, deu-me saudade do Pará. Viram o golaço dele? De fora da área, pela lateral esquerda, escorando um rebote da defesa com a chapa do pé direito, mandando no canto esquerdo, fora do alcance do goleiro Eduardo Martini. Eu sempre gostei do Pará, ele era o centro anímico do time de 2014, nunca deveríamos tê-lo vendido. Trouxeram esse Galhardo que, dizia-se, tinha como ponto forte a batida na bola. Vocês assistiram a partida Grêmio 0x0 Juventude? O cara não acertou cruzamento algum! Volta Pará! E traga junto o Alecsandro, pois está faltando um 9 clássico na Arena.

Tchau fevereiro, olá águas de março. 2015 promete ser um ano conturbado não só para os gremistas. A vantagem é que o futebol é que nem o Carnaval, isto é, a gente morre na quarta-feira de cinzas e renasce no dia seguinte, prontos para outra. Logo, o verão que vem virá depois da primavera que, por sua vez, terá deixado o inverno para trás, renovando a vida e trazendo novas possibilidades, como diz o horóscopo.

Texto publicado no jornal Portal de Notíciashttp://www.portaldenoticias.com.br

 
João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 26/02/2015
Alterado em 17/10/2016
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