João Adolfo Guerreiro
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Meu Diário
30/01/2016 21h06
A noite em que o CTG Ramiro Barcelos desabou

Um dia depois dos 100 anos do falecimento do senador Ramiro Barcellos, o CTG que levava o seu nome desabou, em Charqueadas, mais um fato a se somar na sina dos prédios ligados ao seu nome na cidade.

Ontem, 29/01/2016, sexta-feira, estava no restaurante Muralha curtindo um ótimo show de Damaris Ortiz & Luciano Souza. No intervalo de cinco minutos que os músicos fizeram, reparei que as pessoas estavam olhando para rua. Ocupava uma mesa ao lado das janelas e, olhando para fora, não conseguia ver nada na rua, nem briga, nem acidente. O que será que estava acontecendo?

- O CTG desabou - alguém me disse. Não ouviu o barulho?

Como estava perto do palco, muito atento à apresentação, realmente não ouvira nada, ainda mais que já me encontrava "aditivado" com as torres de chopp consumidas com meus amigos e familiares. Além disso, o Muralha fica no segundo andar do prédio onde já fora o Bar do Paulo e o restaurante Las Piedras e, como tem ar condicionado, as janelas ficam fechadas. Some-se a tudo isso o forte temporal que se abateu sobre a cidade, que inclusive atrasou o início do show, devido à queda de luz.

Prestando atenção, no escuro, dava para ver o prédio antigo, com parte da estrutura de eucaliptos e telhas de barro, em ruínas. Desci lá para ver melhor. Realmente, tudo veio abaixo onde ficava o salão. Restou de pé a parte da frente, onde ficava a entrada, e a parte do palco e da copa, ao fundo.

Não era nascido quando o CTG foi inaugurado, em 09 de setembro de 1959. Assim, não o vi ser construído, mas, por ironia, estava no local no dia e na hora em que o mesmo desabou. E numa data recheada de coincidências.

Como nasci na Colônia, sempre tive muito presente a figura histórica do senador Ramiro Barcellos, que teve uma charqueada, chamada Meridional, ali naquela localidade. Inclusive a escola em que estudei nas séries iniciais se chama Ramiro Fortes de Barcellos, nome completo do político, professor, escritor, médico e charqueador.

Uma grande coincidência é que, justamente um dia depois de se completar 100 anos da morte de Barcellos, o CTG que leva seu nome desabou. As matérias na imprensa local estão informando que a queda se deu já nos primeiros minutos do dia 30, logo após a meia-noite. Mas, como estamos em horário de verão, na verdade, ainda estávamos no dia 29, pelo horário normal.

O destino do CTG Ramiro Barcelos (o nome do CTG é grafado com um "l" a menos) não chega a ser novidade em se tratando dos prédios a ele ligados em Charqueadas...

O Solar dos Barcellos, popularmente conhecido como Casarão, foi contruído em 1906 e servia como sede da charqueada Meridional no local onde hoje é a vila conhecida como Colônia. Na década de 1980 esse importante prédio histórico foi demolido.

O prédio antigo da Escola Ramiro Fortes de Barcellos (a segunda mais antiga do município, fundada em 1941), foi ocupado pela Brigada Militar nos anos 1990 e a escola foi transferida de local, ainda na Colônia.

O CTG Ramiro Barcelos estava interditado pela prefeitura há três anos, visto que a mesma pretendia desapropriar a área e tranferir o CTG de local. Assim, o prédio encontrava-se sem a realização de obras de mautenção ou reforma e não resistiu à força do temporal.

Publicado por João Adolfo Guerreiro
em 30/01/2016 às 21h06